POR MAYQUELE LOILOLA MEIRELES

O mercado dos cosméticos cresce a cada dia em escala mundial. De acordo com a empresa Euromonitor International, as vendas no setor de cuidados pessoais lucraram R$ 109,7 bilhões em 2018, e muito deve-se ao desenvolvimento das redes sociais, plataformas de streaming e e-commerces, que são grandes propulsores das mais diversas marcas.


A internet como intercessora do mercado da beleza proporciona a um grande público a possibilidade de se reinventar, por meio dos famosos “tutoriais de makes”, por exemplo, que geralmente estão aliados à publicidade de determinados produtos, tendo como objetivo corrigir imperfeições e melhorar a imagem e a autoestima dos visualizadores. E é aí que mora o problema! Nem sempre os artifícios divulgados pelos influenciadores são acessíveis. Grandes marcas como Dior, Kylie Jenner e Chanel têm um alto custo monetário e são difíceis de serem encontradas, devido às edições limitadas.


Em busca de uma solução mais prática, os consumidores acabam recorrendo às falsificações, que têm uma grande capacidade de atração e fazem os olhos do público brilhar, com a proposta de um resultado eficaz a um preço bem menor que os produtos originais.


O que muitos não sabem é que a grande maioria desses produtos, sendo 80% produzidos na China, não obedecem às legislações responsáveis por garantir segurança ao consumidor. A pirataria provém de trabalho escravo, realiza teste em animais e prejudica gravemente o meio ambiente, já que os resíduos não são descartados da maneira correta e a matéria prima também não é extraída com segurança.

O BARATO CUSTA CARO

Com a intenção de economizar na produção, os falsificadores substituem substâncias seguras por outras nocivas e baratas, cuja origem é incerta e gera ameaças à saúde do usuário. A falta de higienização dos locais onde as maquiagens são fabricadas também é uma realidade agravante, que contribui para uma maior chance de contaminação.


A farmacêutica, Ana Paula Sendão explica que “cosméticos falsificados contém matérias-primas contaminantes, alergênicas, além da presença de chumbo, metais pesados e altas doses de substâncias cancerígenas, as quais ocasionam sérias intoxicações no organismo. Não se sabe a composição e os possíveis efeitos desses produtos, e não há nenhum controle de qualidade. O uso contínuo pode acarretar sérios problemas”.


No primeiro episódio da série documental da Netflix, Desserviço ao Consumidor, é possível entender um pouco mais do esquema de contrabando, apreensões e a fabricação das falsificações. São evidenciados ambientes insalubres e não regulamentados, além de relatos reais de consumidores que fizeram uso das piratarias e tiveram problemas. Uma realidade, até então encoberta, é esclarecida ao público.

RISCOS DO PRODUTO FALSIFICADO


A maquiadora profissional e ministrante de cursos profissionalizantes de maquiagem, Paula Ciacco, com um acúmulo de quase 200 mil seguidores nas suas redes sociais, assegura que é essencial tomar cuidado com compra de cosméticos. E acrescenta: “Já ouvi relatos de colegas maquiadores e de clientes que usaram produtos falsificados, como sombras e bases e tiveram reações, como alergia, inchaço nos olhos, irritação, vermelhidão e coceira. Existem os casos mais graves, de cegueira e manchas permanentes na pele, por exemplo. Isso é bem comum, e varia de acordo com a sensibilidade de cada pessoa”.
Paula alerta, ainda, sobre a proximidade entre as réplicas e os produtos originais; e afirma que as embalagens e os conteúdos estão cada vez mais sofisticados e parecidos, porém ainda é possível diferenciá-los.

FOTO- Reprodução internet


“A melhor forma de não correr o risco de ser enganado é comprando sempre de sites ou lojas confiáveis. Existem algumas maneiras de identificar se o produto é mesmo original, por exemplo, desconfiando do valor mais baixo. Também é importante olhar as informações de fabricação, detalhes na embalagem, a própria qualidade do produto, o odor e a textura. É legal sempre conferir, no próprio site das marcas, como é a apresentação do produto original”, instrui.

COMO IDENTIFICAR PRODUTOS FALSOS?

Cabe ao consumidor buscar as informações necessárias para realizar uma compra consciente, levando em consideração todos os prejuízos possíveis que o uso pode gerar. Uma solução seria o investimento em cosméticos nacionais. Os lançamentos desses produtos estão em evidência no momento e por um preço justo é possível adquirir um produto de qualidade, regulamentado e que cumpre o que promete.

Se um produto faz parte de uma edição limitada a venda geralmente é feita apenas em sites oficiais. É importante ficar atento a diferença de preço. O ideal é comprar de vendedores autorizados e licenciados pela marca. Compare os detalhes da embalagem oficial com a que está sendo vendida no outro site, observando as cores, fonte e grafia. Nos produtos falsificados, a embalagem costuma estar distorcida ou com cores saturadas. O cheiro do produto pode ser outra forma de verificar, já que as versões falsificadas não conseguem reproduzir. Mesmo que você não conheça o cheiro original, considere o fator que ele não deve cheirar mal. Desconfie também da consistência do produto.


Os produtos originais possuem número de série nas embalagens e costumam aparecer junto com as informações referentes a empresa, próximo ao CNPJ. O número é fornecido pelo Ministério da Saúde e significa que foi aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Além de possuir informações sobre o laboratório em que o produto foi fabricado, como nome, local e telefone para contato .


A atenção é uma enorme aliada para não comprar produtos enganosos. Preste atenção nos detalhes e garanta a sua segurança.