POR SANDRA ERICA PENHA
Nos últimos anos, a população vem acompanhando, por meio da mídia, o crescente número de casos de pessoas Transtorno do Espectro Autista (TEA) . O Centro de Controle e Prevenção de Doenças – CDC (Centers for Disease Control and Prevention) dos Estados Unidos divulgou em abril de 2018, a prevalência de TEA nos Estados Unidos de 01 caso em cada 59 crianças com 8 anos de idade.
No entanto, no Brasil não há informações exatas, porém é presumido que em nosso país a prevalência similarmente seja alta. O único estudo científico que temos foi realizado em 2011 em um bairro da cidade de Atibaia/SP, com resultado de um caso para cada 367 habitantes. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas – 2010), o TEA atinge cerca de 70 milhões de pessoas em todo mundo (1% da população mundial), o que representa 2 milhões de pessoas no Brasil.

O mês de abril é marcado pelo dia “Mundial de Conscientização do Autismo”, comemorado no dia 2. A data foi criada pela ONU (Organização das Nações Unidas), para chamar atenção da sociedade e das autoridades governamentais, além de proporcionar maior compreensão sobre o transtorno.
A incidência do TEA é maior para o sexo masculino, na proporção de 4 meninos para uma menina. Por isso, além da fita de quebra-cabeças, a cor azul também costuma estar presente em iniciativas sobre conscientização.
O TEA é um distúrbio do neurodesenvolvimento marcado por dificuldades na área da comunicação e da socialização, associados aos interesses restritos e repetitivos de comportamento. Pode se apresentar em níveis diferentes que vão de quadros mais leves até manifestações mais graves de acometimento.
De acordo com a Arteterapeuta e Especialista em Psicologia e Autismo, Sandra Erica Penha, parte do aumento do número de casos se deu devido à utilização de instrumentos de avaliação, o melhor conhecimento sobre a síndrome e porque os critérios diagnósticos são mais abrangentes. Outro motivo importante é o fato de que até pouco tempomuitas pessoas com TEA que apresentavam deficiência intelectual como comorbidade recebiam apenas o diagnóstico da segunda opção.
Fica claro que o TEA se tornou uma questão de saúde pública. E que mesmo com os direitos assegurados por lei, as políticas públicas voltadas para essas pessoas são insuficientes: faltam clínicas, centros de apoio e profissionais habilitados para lidar com essa população.

As causas da síndrome ainda são incertas, contudo, há um número representativo de indícios que explicam o TEA como um transtorno de causa multifatorial (genética e ambiental). A JAMA Psychiatry publicou em julho de 2019 um estudo realizado com 2 milhões de pessoas de cinco países (Dinamarca, Finlândia, Suécia, Israel e Austrália) que sugere que cerca de 80% do risco de TEA tem causa genética, sem apoio para a contribuição dos efeitos maternos. Contudo, tirar uma conclusão sobre o causador ainda não é possível, pois existem vários fatores conectados e não está claro sobre quais genes estão em jogo. Além do mais, pode ser que fatores ambientais estejam atuando com os genes, fazendo aumentar o risco do transtorno.
Os sinais do TEA surgem, normalmente, até os 3 anos de idade, no entanto, em alguns casos, é possível observar alguns sintomas em bebês. Algumas das características que o bebê pode ou não apresentar são:
- Evitar o contato visual com a mãe, inclusive durante a amamentação;
- Poucas reações emocionais, parecendo um bebê sério que quase não sorri;
- Não seguir visualmente pessoas e objetos que são mostrados;
- Ausência de sons vocais pra chamar atenção quando quer ou precisa;
- Não reagir quando chamado e pode acontecer de o bebê com TEA não gostar de colo, de beijos e de abraços.
No decorrer do seu desenvolvimento, o que costuma chamar mais a atenção dos pais de crianças com o TEA é a ausência da fala ou o uso inapropriado para se comunicar. Entre outros sintomas, podem ainda estar presente a dificuldade na socialização, atrasos motores, andar nas pontas dos pés, apego à rotina, movimentos repetitivos com o corpo ou usando objetos, crises de choro ou risadas sem motivo, não imitar, levar o braço das pessoas para obter o que deseja, comportamentos restritos ou obsessivos, poucas ou ausência de manifestações de dor e desorganização sensorial.
O TEA não tem cura, por isso não é uma doença. Ainda assim, é uma síndrome tratável. De acordo com a especialista, não existe uma única forma de tratamento que possa ser considerada a melhor e aplicada a todas as pessoas com a síndrome. As particularidades fazem com que cada pessoa se beneficie com determinado tipo de tratamento.
É recomendado que toda pessoa com TEA tenha um acompanhamento médico, e para um tratamento eficaz é indicado que seja feito por equipe multidisciplinar, com médico, psicólogo, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, entre outros. Além disso, existem outras formas de tratamento como Arteterapia, Musicoterapia, Psicomotricidade e Equoterapia, que também podem contribuir para a obtenção de resultados positivos.
