Conheça a história de três grupos, sediados em São João da Boa Vista e Águas da Prata.
Por NICKOLAS SANTOS
O Movimento Escoteiro foi fundado em 1907 por Robert Baden-Powell, na Inglaterra. Ele aproveitou valores aprendidos na vida militar, como camaradagem, iniciativa, coragem e autodisciplina para ajudar no desenvolvimento dos jovens e criar um movimento educacional.
De acordo com o site Escoteiros do Brasil, tudo começou quando, em 1899, a partir de experiências que adquiriu enquanto esteve na Índia e na África, Baden-Powell escreveu um livro chamado Ajudas à Exploração Militar, com informações sobre seguir pistas, exploração e técnicas que se referiam à vida em campo. O sucesso foi tanto que os jovens ingleses usaram para se divertir e viver novas aventuras.
Percebendo o enorme interesse dos jovens em aprender e replicar as técnicas citadas no livro, Baden-Powell decidiu adaptá-lo para ser utilizado pelas escolas britânicas. E foi assim, reunindo as experiências e as atividades ao ar livre, que criou um estilo de vida que passou a ser utilizado na educação e formação dos jovens: o escotismo.
O movimento ganhou força e se espalhou pelo mundo até chegar ao Brasil em 1910, por meio de militares que vinham de uma viagem na Europa. Na nossa região, o escotismo tem bastante representatividade e conta diversos grupos. Vamos agora contar a história de três deles, que, ao todo, reúnem 165 pessoas, entre participantes e adultos voluntários.
RAINHA DAS ÁGUAS
O Grupo Escoteiro Rainha das Águas 403/SP foi criado em 2015, após a iniciativa de um jovem escoteiro de São João da Boa Vista, que desejava iniciar o movimento em Águas da Prata. Os pais do garoto compraram a ideia e iniciaram o grupo. Atualmente as atividades são realizadas aos sábados de manhã, das 9h às 11h, na Praça dos Esportes, em Águas da Prata. A presidente do grupo é Isabel Cristina Quirino dos Santos, que fala sobre a dinâmica dos encontros. “As atividades são ao ar livre, com jogos, canções, acampamentos, viagens, jornadas e muito mais”, relatou.
O Grupo Escoteiro Rainha das Águas é dividido em faixas-etárias, que recebem um nome diferente. “Atualmente o grupo tem 30 membros associados e conta com 4 ramos: Lobinho, dos 6 anos e meio aos 10 anos; Escoteiro, dos 11 aos 14; Sênior dos 15 aos 17; e Pioneiro, dos 18 aos 21”, explicou. Vale destacar que essa separação é uma norma seguida por todos os grupos de escoteiros. Para fazer parte, basta a criança ou jovem ir até a Praça dos Esportes aos sábados, a partir das 9h e aproveitar. O principal valor do grupo é ‘acreditar na juventude’. “Mudou minha vida. Para mim é uma força que transforma“, disparou Isabel sobre o escotismo.
MARECHAL RONDON
Já com um pouco mais de história, o Grupo Escoteiro Marechal Rondon 194/SP foi fundado em 19 de abril de 1969, em São João da Boa Vista. A data escolhida para a criação é uma homenagem ao Dia do Ííndio. Já o nome faz referência ao Patrono das Comunicações do Exército Brasileiro, Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon. O grupo, atualmente, é presidido por Ulisses Valin e conta com 85 jovens e 22 adultos, que se reúnem aos sábados, das 9h às 12h, na sede localizada à Av. Jorge Estevam Rodrigues, n.º 1725, Jardim das Bromélias, em São João da Boa Vista. Podem participar crianças a partir de 6 anos e meio de idade. É só ir até a sede e preencher uma ficha de inscrição.
“O escotismo tem como proposta o desenvolvimento do jovem, por meio de um sistema de valores que prioriza a honra, baseado na Promessa e na Lei Escoteira, e através da prática do trabalho em equipe e da vida ao ar livre, fazer com que o jovem assuma seu próprio crescimento físico, afetivo, caráter, espiritual, intelectual e social“, ressalta o presidente Ulisses.
Ele está no movimento escoteiro há 23 anos e acredita que isso o ajudou a aprender diversos valores e a seguir o caminho certo. Atualmente, o escotismo contribui na formação acadêmica de Ulisses. “Aprendi muito com o método escoteiro e hoje estou me formando em Pedagogia, podendo alinhar o método escoteiro aos fundamentos da Pedagogia“, analisou.
GRUPO ESCOTEIRO CURUPIRA
O Grupo Escoteiro Curupira 99/SP existe há 32 anos, no bairro do Santo Antônio, em São João da Boa Vista. Ele surgiu por ideia de um jovem seminarista chamado Roberto Carlos Scaller (hoje, padre Roberto) e de Carlos Rinaldi. Eles tinham o objetivo de criar um grupo em um bairro da periferia.
Maria Lúcia Pereira Nicolas, primeira presidente do grupo, conta que na época foi um desafio, visto que manter um grupo demandava investimento financeiro para comprar materiais e era necessário encontrar adultos dispostos a ajudar de forma voluntária. Apesar de tudo isso, os idealizadores seguiram em frente. “Em uma tarde de sábado, sentados na escada da igreja de Santo Antônio, discutimos a cor do lenço, o nome do grupo e o número de registro. E foi assim, olhando para o pôr do sol, o vermelho, o amarelo e o verde da Serra da Mantiqueira que se avistava da escada, o Curupira, que é o protetor das matas, e o 99, nosso numeral, que significa o começo e o fim de um ciclo de preconceito que ser escoteiro era só pra quem tinha condições financeiras”, recordou. Hoje em dia, o Curupira realiza suas atividades aos sábados, das 9h às 12h, na área de lazer Clarisse Damálio Borato (campo do Santo Antônio).
O local é cedido pelo Departamento de Esportes da Prefeitura de São João da Boa Vista. Cinquenta pessoas integram o grupo, somando os jovens que participam e os adultos voluntários, chamados de escotistas. Para se tornar membro, basta ir até a sede e conversar com os líderes. Já quem se interessa em ser escotista, precisa fazer cursos de proteção infanto-juvenil e aprender o programa de atividades a serem aplicadas.
“O criador do escotismo, Baden Powell, tem uma frase que retrata o objetivo do movimento escoteiro: ‘deixar o mundo um pouco melhor do que encontramos’. E assim incentivamos nossos jovens dos 7 aos 21 anos, através de atividades progressivas e variadas de acordo com a idade, a cumprir esse ideal”, salienta a atual presidente do grupo Curupira, Maria Carolina Najar Nicolas.