POR BRUNO MANSON

Seriedade, comprometimento e disciplina. Estes são os elementos utilizados pelo professor Cássio Germinari na formação de alunos nas escolinhas de futebol em que atuou ao longo de sua carreira. Com 36 anos, e dono de uma personalidade forte, o treinador tem sido responsável por formar verdadeiros campeões – dentro e fora dos gramados –, revelando talentos que têm brilhado em grandes clubes do Brasil. Assim como muitos garotos, a paixão dele pelo futebol começou na infância. Aos seis anos, entrou para a escolinha do Centro Social Urbano (CSU) Miguel Jorge Nicolau, no bairro DER. Logo em seguida, integrou a equipe do Palmeiras Futebol Clube e, aos 14 anos, por meio de uma indicação, foi convidado para fazer parte das categorias de base do União São João de Araras (SP), onde permaneceu de 1998 a 2002. “Após esse período me profissionalizei, atuando em diversas equipes até 2004, quando sofri uma lesão e encerrei a carreira de jogador”, recorda.

No entanto, o amor pelo esporte falou mais alto e Cássio foi estudar Educação Física no Instituto Federal Sul de Minas, campus de Muzambinho (MG). Com a graduação, uma nova oportunidade surgiu, em 2011, no Palmeiras F. C., desta vez, não como aluno, mas como professor. Lá, além da academia, ele ministrou aulas de treinamento funcional, futsal e futebol até 2019, quando o clube encerrou suas atividades.

Foto: Tony Marques e Cássio Germinari/ Arquivo pessoal

Os resultados positivos obtidos junto às equipes que treinou ao longo desses anos renderam-lhe o convite para o Projeto JCN / Oratório Padre Donizetti, onde prossegue atualmente com seu trabalho. Paralelamente, também atua como professor de futebol do Clube de Campo Caco Velho, em Espirito Santo do Pinhal (SP), e é sócio proprietário da Academia Life Fit Saúde & Performance.

METODOLOGIA

Durante todo esse período como treinador, Cássio e seus alunos conquistaram vários títulos importantes, como na Taça São João de Futebol do Interior Paulista – Brasil – a antiga Taça Internacional de Futebol – e em campeonatos regionais de futsal e futebol. “Sempre conseguimos formar uma base e dar sequência nela, com um trabalho sério, porém, nunca deixando de lado a parte lúdica, já que estamos lidando com crianças”, explica. “Essa união de seriedade e brincadeiras faz toda diferença no processo de formação desses alunos”, destaca o professor.

O resultado de toda esta metodologia de treino tem refletido não só nos campos, mas também na carreira dos jovens jogadores. “Diversos deles tiveram oportunidades de ingressar em grandes times. Recentemente, em um curto período de tempo, tivemos cinco garotos aprovados em equipes tradicionais do estado de São Paulo”, afirma. Todo este trabalho é motivo de grande orgulho para o treinador, que se sente bastante emocionado em fazer parte da história de cada um desses talentos. “É uma sensação é de dever cumprido. A maioria dos garotos que ingressam no futebol tem o sonho de ser jogador, porém, sabemos de todas as dificuldades que irão encontrar nesse caminho. Temos uma responsabilidade muito grande em saber lidar com essa situação e controlar tudo isso, mas tem dado tudo certo até o momento”, diz.

MOMENTOS DE EMOÇÃO

Para Cássio, todos os momentos vivenciados ao lado de cada um de seus alunos são marcantes, porém, existem duas ocasiões que lhe deixam bastante sensibilizado. “Os treinos, os jogos, as viagens, os alojamentos, as brincadeiras, as broncas, as vitórias, as derrotas e os títulos. Cada ocasião tem sua parcela de importância, mas há dois os momentos em especial que me emocionam muito. O primeiro é ver aqueles garotos que treinaram, sempre se dedicaram, porém, não conseguiram ter a oportunidade de se tornarem jogadores, estarem bem na vida, estudando, trabalhando, se tornando homens de bem”, revela. “O segundo momento é ver os alunos que conseguiram realizar seus sonhos se tornando jogadores. Poder assistir um jogo deles pessoalmente ou pela tv, poder olhar e admirá-los a cada segundo comemorando gols e títulos, ver os sorrisos estampados em seus rostos, sentir a felicidade deles e, o mais importante, saber que conseguiram passar por vários obstáculos para chegarem onde estão, sempre com sabedoria e paciência”, completa o professor.

CONQUISTANDO TÍTULOS PELO SÃO PAULO

Uma dessas revelações é Cauê Caruso Alves. Quando criança, começou a treinar na Sociedade Esportiva Sanjoanense (SES) e, logo em seguida, foi para o Palmeiras F. C., onde conquistou vários títulos e recebeu um forte impulsionamento em sua carreira. Durante sua trajetória no clube alvinegro, ele chamou atenção de um olheiro e foi convidado para fazer uma avaliação no Sport Club Internacional, de Porto Alegre (RS). Ao ser aprovado, o jovem jogador foi desbravar os gramados do Sul. Ficou por seis meses no Inter e depois foi contratado pelo Figueirense Futebol Clube, de Florianópolis (SC), onde permaneceu por quase um ano.

Foto: Cauê Caruso Alves/Arquivo pessoal

Logo em seguida, Cauê foi jogar no Esporte Clube Primavera, de Indaiatuba (SP), ocasião em que teve a oportunidade de disputar a Copa São Paulo Júnior, em 2019. Este campeonato foi um grande divisor de águas em sua vida, uma vez que lhe abriu portas para o São Paulo Futebol Clube. Com uma grande atuação no tricolor paulista, ele assinou seu primeiro contrato profissional e sagrou-se vice-campeão da Copa do Brasil e campeão paulista Sub 17 – ambos os títulos pela categoria Sub 17. “Sou muito agradecido por tudo que já vivi e ainda mais grato por todas as oportunidades e experiências de vida que o futebol já me proporcionou”, conta.

REVELAÇÃO

Valter José Bueno Domingues Júnior sempre sonhou em ser jogador de futebol. Durante a infância, já mostrava intimidade com a bola e, aos nove anos, começou a treinar em uma escolinha em Mogi Mirim (SP). Posteriormente, passou em uma avaliação do São Paulo, na Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB) e começou a ser monitorado pelo tricolor.

Foto: Valter J. B. Domingues Júnior/Arquivo pessoal

Com o monitoramento encerrado, Valtinho foi para o Palmeiras F. C., onde conheceu Cássio e teve a oportunidade de se aperfeiçoar. Devido ao seu desempenho no clube sanjoanense, ele foi aprovado em uma avaliação no Red Bull Brasil em 2018. No mesmo ano, foi emprestado para jogar o Campeonato Paulista pelo Audax na categoria Sub 13. Durante as férias, o jovem jogador representou o Palmeiras F. C. na Taça São João de Futebol de 2019, sendo o artilheiro da competição pelo clube alvinegro. Sua performance chamou atenção de Wagner Ribeiro, um dos empresários mais importantes do futebol nacional, que agendou uma avaliação no São Paulo. Valtinho foi aprovado e hoje é tido como um dos nomes promissores do tricolor paulista.

TRAJETÓRIA DE SUCESSO

Caio Cesar Amorim Hila começou a jogar futebol aos seis anos e passou por várias escolinhas de futebol de São João da Boa Vista. Durante sua trajetória, ele conheceu o treinador Cássio na escolinha do ex-jogador Paulo César Vieira Rosa, o conhecido Paulinho McLaren.

Foto: Caio C. A Hila /Arquivo pessoal

Com 12 anos, o jovem jogador começou a ser monitorado pelo São Paulo. Já, aos 15 anos, acabou sendo escalado para a Associação Atlética Internacional de Limeira. Anos mais tarde, seu desempenho no gramado chamou atenção da A. E. Velo Clube, de Rio Claro (SP), que lhe contratou. Mas sua carreira estava só começando. Aos 19 anos, Caio foi para Salvador (BA), defender o Esporte Clube Bahia, onde se aperfeiçoou ainda mais. Pouco tempo depois, ele se mudou para o Sul para defender o Internacional, onde segue atualmente aprimorando suas jogadas.

FUTEBOL NO SANGUE

Lucas Florêncio Manso começou a jogar aos oito anos em um projeto social que se chamava Juventude. Posteriormente passou pelas escolinhas da SES e do Palmeiras F. C., onde se tornou aluno de Cássio. Ao defender o Lobo da Vila na Taça São João de Futebol, ele despertou a atenção de um olheiro e teve sua primeira oportunidade no Paulista F. C., de Jundiaí (SP).

Lucas atuou no clube de 2015 a 2017, participando de três edições do Campeonato Paulista e sagrando-se campeão em um torneio intercontinental em Portugal. Em 2018, o jovem foi jogar para o Sudet Jalkapallo, na Finlândia, onde também foi campeão pela terceira divisão do país. No ano seguinte, ele retornou ao Brasil e foi contratado pelo Velo Clube, quando atuou em mais um Campeonato Paulista pela categoria Sub 20 e também na Copa São Paulo de Futebol Júnior 2020. Logo após a competição, surgiu uma oportunidade de avaliação no Fortaleza Esporte Clube, no Ceará, local que atualmente tem contrato profissional assinado para um ano e três meses.

Foto: Mateus Manso e Lucas Manso/Arquivo pessoal

Mateus Manso, irmão mais novo de Lucas, nasceu na Finlândia, mas se estabeleceu em São João com um pouco mais de um ano. Por influência da família, começou a jogar muito cedo. Disputou muitos campeonatos cidade. Aos nove anos era destaque no Palmeiras F. C, e por isso participou de uma peneira no São Paulo, foi aprovado e monitorado até os 14 anos. Em outubro deste ano, aos 16 anos, Mateus assinou o primeiro contrato profissional com o São Paulo, que vai até setembro de 2023. Os irmãos Lucas e Mateus seguem os passos do pai, Marco Manso, que também foi atleta profissional.

JOVEM TALENTO

Matheus Henrique Domingues Oliveira começou a jogar futebol com seis anos. Aos sete, foi para o Palmeiras F. C., onde participou dos treinos com o ex-jogador profissional João Batista Bento, o conhecido Chaléu. Integrando a equipe de base do clube, aos nove, o garoto começou a treinar com Cássio e a representar o Lobo da Vila nas competições. E foi em um desses campeonatos – a Taça São João de Futebol – que seu destino ganharia um novo rumo. Sob o olhar atento de Wagner Ribeiro, o jovem jogador chamou atenção dos olheiros de três times: Corinthians, Athletico Paranaense e Fluminense. Contudo, foi no clube alvinegro paulista que ele se deu bem. Matheus está lá até hoje, esbanjando talento e fazendo aquilo que mais gosta: jogar futebol.

Foto: Matheus H. D. Oliveira/Arquivo pessoal

CARREIRA PROMISSORA

Otávio Henrique Benedicto Viana começou a se destacar aos sete anos no futebol. Participou da escolinha de base do Santos Futebol Clube, onde jogou pela categoria Sub 8, sempre mostrando rapidez, versatilidade e precisão nos passes. Iniciou como atacante e conquistou diversos troféus de artilharia nesta época. Posteriormente foi para o São Caetano, onde continuou como goleador. Aos 10 anos, Otávio ingressou na escolinha do Palmeiras F. C., onde treinou com Cássio. Nesta época, ele atuava como zagueiro e teve uma expressiva na Taça São João de Futebol, atraindo atenção dos observadores de grandes times. Com o apoio de Wagner Ribeiro, realizou seu primeiro teste junto ao Corinthians, onde foi aprovado e prossegue brilhando nos gramados.

Foto: Otávio Viana/Arquivo pessoal

LUTANDO PELO SONHO

Natural de Espírito Santo do Pinhal, Victor Hugo David Adão começou a treinar aos quatro anos na escolinha Arena Pinhal Society. Dois anos depois, o garoto foi jogar futsal pela escolinha da prefeitura local, onde disputou alguns campeonatos, se destacando como artilheiro.

Foto: Victor H. D. Adão /Arquivo pessoal

Com 10 anos, ele participou da primeira peneira, onde foi aprovado, porém, acabou sendo dispensado na segunda fase. Após isso, o jovem talento foi escalado para jogar na categoria Sub 11, da Inter de Limeira, mas não permaneceu por muito tempo, devido à logística e às condições financeiras na época.

Mesmo assim, Victor não desistiu de seu sonho e prosseguiu com os treinos em sua cidade natal. Com o passar do tempo surgiu uma oportunidade para jogar no JCN, em São João da Boa Vista, ocasião em que conheceu o professor Cássio. Aos poucos, o garoto foi se destacando nas competições, o que chamou a atenção do treinador e também de Wagner Ribeiro. A partir daí, ele foi fazer um teste no Corinthians, permanecendo duas semanas treinando na equipe de base e sendo aprovado para integrar o time.