Sound Designer Tocko Michelazzo acumula prêmios e uma paixão pelo cinema

POR SOFIA MARIANO
SOB SUPERVISÃO DE JOSÉ DIAS PASCHOAL NETO

O musical Tarsila, a brasileira, em cartaz desde janeiro no Teatro Santander, em São Paulo, é a montagem que conta a história da vida e obra da multi artista modernista Tarsila do Amaral, que viveu entre 1886 e 1973. A obra, protagonizada por Cláudia Raia, foi produzida inteiramente no Brasil e conta com o Desenho de Som – que consiste na criação e manipulação dos elementos sonoros, incluindo a escolha de microfones, mixagem e trilhas para complementar a narrativa visual e dramática do espetáculo – por Gastão Gomes Michelazzo, mais conhecido Tocko Michelazzo. O Sound Designer sanjoanense trabalha no ramo há mais de 20 anos.

Formado em Fundamentos de Áudio (IAV), Desenho de Sistemas (Meyer Sound), Tecnologia Musical e programação de teclados, atualmente, Tocko também assina produções internacionais e tem uma longa lista de premiações. Foi indicado mais de 10 vezes ao prêmio Bibi Ferreira, premiação de maior relevância no contexto do teatro musical nacional, que prestigia espetáculos e profissionais. A produção de musicais como My Fair Lady, Cantando na Chuva e Lazarus o fizeram ganhador na categoria Melhor Design de Som em 2017, 2018 e 2021. Além disso, também foi ganhador da categoria Reverência de Melhor Design de Som em 2017. Em 2023, o Sound Designer foi convidado pelos designers de som da Broadway a assinar o projeto do musical Anastácia, reconhecimento de 20 anos de trabalho no mercado brasileiro.

PELOS PALCOS À FORA
Tocko Michelazzo, formado no IAV em julho de 2001, ganhou o prêmio pelo som do espetáculo Cantando na Chuva. Tocko começou em 2001 como operador de monitor do espetáculo Vitor ou Vitória, estrelado por Marília Pêra.

O convite foi estendido à colaboração do mesmo projeto na Cidade do México. “Isso foi um marco muito legal, em poder abrir minha carreira internacionalmente.”, ressalta Tocko.

PAIXÃO DESDE SEMPRE

Tocko demonstrou interesse pela arte desde pequeno. Sob influência da mãe, a professora de educação artística Marly Gomes Michelazzo, sua infância foi regida por melodias, ritmos e harmonia. “Meu contato com a música é desde sempre. Minha mãe sempre tocou piano e tínhamos um piano em casa, então esse foi o instrumento que acabei aprendendo”.

Em 1985, Tocko, com 15 anos, já integrava uma banda e passou a se apresentar profissionalmente pelo interior de São Paulo. A Banda Tiroteio marcou sua carreira, com a gravação de 2 CD’s e muito sucesso por onde passava. Em meados de 2000, também investiu em um estúdio para produções publicitárias em São João da Boa Vista. “Eu e Lia Figueiredo, que hoje é minha esposa, montamos o estúdio para trabalhar no ramo que ainda faltava no interior. ” Em busca de expandir seus conhecimentos na área, o artista iniciou um curso na capital com duração de 6 meses. A especialização em áudio abriu portas para um novo ramo: o do teatro musical. O primeiro contato de Tocko com a área foi através de Vítor ou Vitória, uma adaptação da Broadway dirigida por Jorge Takla, em 2001, na qual atuou como operador de som.

O diretor, na época, planejava mais adaptações brasileiras e convidou Tocko para ser chefe de equipe e operador de som, cadeira que ocupou por 10 anos. “Eu fiz Fantasma da Ópera, A Bela e a Fera, Chicago, Cats, Mamma Mia… e foi lá que eu realmente me especializei em áudio, por ter trabalhado com sound designs de todo o mundo: da Europa, Austrália, americanos e argentinos”, relata como formação de sua experiência profissional. A partir de 2011, Tocko passou a assinar projetos por conta própria.

O áudio dos musicais que chegava ao Brasil, diretamente da Broadway, começou a ser produzido por ele. Existem musicais que seguem o modelo específico da distribuidora, e não sofrem alterações no áudio quando adaptados para outros idiomas. Já as produções brasileiras que compram o título do projeto passaram a ser produzidas por ele. Segundo Tocko, um dos maiores desafios do trabalho é a complexidade do processo: “Quem vai assistir não imagina a complexidade que é fazer um projeto de som. Costumamos usar em média 100 a 200 caixas de som por todo o teatro. Também tem a programação das cenas, os efeitos sonoros, a ambientação, microfonação e equalização das vozes e orquestra […] É muito complexo montar um musical.”, explica. Com toda sua experiência, Tocko pretende seguir em expansão com trabalhos internacionais. “É muito gratificante levar o meu trabalho, a minha linguagem de sonorização e ambientação para outros lugares do mundo”, finaliza, entusiasmado.