Por Franco Junior
Vereador por seis mandatos consecutivos, advogado, jornalista, escritor, professor universitário e, atualmente, reitor do UNIFAE. Este é o currículo de Francisco de Assis Carvalho Arten, que credita todo crescimento profissional, e também pessoal de sua vida, à participação efetiva, no Grêmio Estudantil do Instituto de Educação Coronel Cristiano Osório de Oliveira — popularmente chamada de Instituto.
Foi nesta época, assim como ele relembra, que a vocação política e a vontade de brigar pelo bem comum afloraram. Além disso, foi neste período que as paixões pelo jornalismo e pela escrita surgiram. “O que marca minha vida em tudo que sou é o Grêmio Estudantil, pois me ajudou muito em todas as etapas da minha vida. O Instituto era uma escola ótima, que reunia todas as classes sociais. Nesta convivência aprendi a respeitar diferenças, pois dá para ver as dificuldades do pobre e o quanto ele é deixado de lado. E isso acontece até hoje. Este princípio de combater esse tipo de coisa, o qual sigo até hoje, começou ali, quanto eu tinha apenas 13 anos”, recordou Arten.
Nascido em Espírito Santo do Pinhal, em uma família de pai ferroviário e mãe dona de casa, Francisco Arten é o penúltimo dos nove filhos do casal.
“Minha mãe era uma pessoa totalmente sociável. Ela teve nove filhos propositalmente, porque ela sempre quis muitas crianças. Ela criava muita gente, além de nós. Carregou isso por toda a vida e ia cuidando de todo mundo por onde a gente passava. Tanto é que criou os filhos e muitos dos netos, além das pessoas da rua que precisavam de ajuda”, contou.
Já o pai, ferroviário, foi quem fez seu destino encontrar-se com São João da Boa Vista. Após passar também por Pontal (SP), Arten veio à cidade para mais uma etapa do trabalho do pai e acabou não saindo mais, elegendo o município como seu lar e colocando em prática, desde jovem, seu desejo de se tornar um jornalista — outra formação e paixão do reitor. “Lembro quando terminei o primeiro ano. A primeira coisa que fiz, por conta própria, foi um jornal mural. Tinha acabado de aprender a escrever e contei histórias das pessoas que eu conhecia. Acho que minha ligação com comunicação e jornalismo foi iniciada ali”, descreve.
SONHO ADIADO
Convicto em querer ser jornalista, Francisco Arten brincava com os amigos Luís Roberto de Múcio (hoje narrador da Rede Globo) e João Fernando Palomo (atual assessor Jurídico da Prefeitura de São João), com narrações de futebol. Enquanto assistiam aos jogos, eles se dividiam entre reportagens, comentários e narração e faziam a transmissão caseira das partidas utilizando latinhas no lugar dos microfones.
“Luís Roberto era sempre o narrador e dava para ver que ia longe por conta do talento. Não é por acaso que está onde está, atualmente. Ele e eu queríamos fazer Jornalismo. Palomo também gostava, mas preferiu fazer Direito. Luís acabou ingressando na faculdade que ele queria e eu não consegui por falta de dinheiro. Cheguei a passar em primeiro lugar no vestibular da PUC Campinas, só que não tive condições de fazer o curso, mas mantive o sonho vivo e acabei fazendo muito tempo depois, quando eu já era, até mesmo, vereador”,comenta.
Sem deixar o Jornalismo de lado, Arten ingressou no curso de direito do Unifeob e, ao mesmo tempo, trabalhava como jornalista. Neste período passou pelos jornais Opção e O Município, além da extinta rádio Mirante FM. Mesmo sem ser o que ele queria, o curso de direito fez com que ele vivesse mais uma etapa para sua formação pessoal e profissional: presidir o Diretório Acadêmico de sua graduação na faculdade. “Minha percepção de política também vem daí, além da política estudantil que vivi durante o Grêmio. Sempre gostei de política, desde pequeno, e deixava isso transparecer em mim”, explica.
POLÍTICA
Com as passagens pelo Grêmio Estudantil e Diretório Acadêmico, ingressar na vida política era questão de tempo, mas só foi acontecer muitos anos depois. Antes que isso ocorresse, Arten relembra da vocação que tinha para a área, quando criança. “Duas passagens marcantes, de que me lembro, foi de quando eu era pequeno. Em uma oportunidade, meu pai me chamou e disse ‘se você for político, jamais pegue um real de ninguém, porque o dia em que você pegar, isso nunca vai ter fim’. Lembro muito, também, de Jânio Quadros, e de uma vez em que ele veio a São João como candidato a governador. Eu ficava atrás dele e ele percebeu isso. Perguntei a ele o que deveria fazer para ser um bom gestor e, pacientemente, ele olhou pra mim e disse que para ser bom administrador é preciso saber definir prioridades e elencar bem quem irá te ajudar a executar. Outra pessoa que me estimulou para a carreia política foi o Dr. Octávio Bastos. Quando eu fazia direito e era presidente do Diretório Acadêmico, ficava horas falando com ele”, relembra. Depois dos estímulos, veio a oportunidade de se candidatar como vereador. E logo na primeira vez foi eleito, ficando no cargo por seis mandatos consecutivos até se licenciar para assumir a reitoria do UNIFAE. Como vereador, Francisco Arten aponta que sua maior qualidade era estar perto da população sanjoanense, seja andando pela cidade ou por meio da Câmara Itinerante (que circula pela cidade), instituída por ele. Uma das grandes contribuições que deixou como edil, assim como ele mesmo detalha, foi a ideia de os hospitais aceitarem acompanhantes quando os pacientes fossem crianças, situação que não ocorria antigamente.
“Tudo que me tornei devo ao Grêmio Estudantil”, afirma Arten.
“O governo estava elaborando o estatuto do menor e do adolescente. Na mesma época, acabei indo visitar a Santa Casa e vi um absurdo, de que em determinada hora os pais, mesmo com os filhos pequenos, tinham que sair do hospital. Isso para mim era algo da Idade Média, as pessoas passavam no quarto tirando os pais de lá e as crianças ficavam chorando. Surgiu a oportunidade de ir a um Congresso de Municípios e levei a ideia de que a criança tivesse a companhia do responsável, enquanto estivesse internada. Recebi, uns dois anos depois, uma carta do gabinete do então presidente Fernando Collor, informando que minha sugestão havia sido acatada e seria colocada em prática. Isso me deu prestígio, porque muita gente, por vários anos, votou em mim por causa disso”, destaca.
UNIFAE
Anos após já ter se formado em Direito e feito pós-graduação em Comunicação, área pela qual é apaixonado, foi que Francisco Arten conseguiu realizar o sonho de se formar em Jornalismo. E, ao mesmo tempo em que o desejo foi concretizado, acabou criando laços com a instituição em que se tornou, anos depois, reitor: do UNIFAE. Arten iniciou a carreira de professor no antigo colégio Seletivo e foi se preparando para lecionar, também, na universidade. Foi então que surgiu a oportunidade de prestar concurso para professor do UNIFAE, no qual ele foi aprovado, iniciando os trabalhos nesta área. Desde o início da jornada como professor, no Centro Universitário, ele recorda de ter ajudado os reitores que passaram pela instituição. Até que apareceu a possibilidade de ser candidato a reitor.
“Tínhamos um grupo de professores preocupados com o rumo que o UNIFAE estava tomando. Ele começou a dar prejuízo ano a ano, de um milhão, um milhão e meio. Toda reserva que havia em caixa foi consumida e víamos que não teria um bom fim. Aí surgiu uma candidatura de oposição. Quando assumi, sabendo da desconfiança que tinham em relação a mim, vi que precisaria provar o meu trabalho e ganhar o respeito me empenhando, me dedicando”, narrou. Em seus cinco anos como reitor — com ainda mais três pela frente — Arten coloca a instalação do curso de Medicina como o grande feito de todo o grupo que forma a atual administração do UNIFAE. Isso porque, de quase falida, a graduação fez com que o Centro Universitário se tornasse “a instituição mais sólida no Estado de São Paulo”.“Temos 33 milhões de reais aplicados no mercado financeiro, ninguém tem isso. O desafio de agora é saber gerir isso e progredir ainda mais”, complementa.
FUTURO
Em seu segundo mandato como reitor, Arten sabe que, ao final dele, terá que deixar a reitoria do UNIFAE. Sua meta é fazer com que o Centro Universitário seja uma grande instituição não só na região ou dentro do Estado de São Paulo, mas sim, em todo Brasil. “Essa obra não está terminada e não sei se concluo nos anos que ainda restam como reitor. Por isso, de outra maneira, nem se for como conselheiro, vou querer concluir isso. Sei que estou deixando o Unifae infinitamente mais rico, infinitamente mais poderoso e infinitamente mais forte, porém, infinitamente mais complexo. Então, o UNIFAE vai requerer, de quem me suceder, muita dedicação e capacidade”, planeja. Ao deixar a reitoria, Francisco Arten garante que não pensa em voltar à política e revela que quer voltar a escrever. Ele, que já é autor de livros como O Prefeito e o Capeta e Nos Campos de São João, quer agora escrever mais sobre São João da Boa Vista.
“Não penso em voltar à política, mas na minha vida as coisas nunca foram planejadas. Se um dia surgir a oportunidade, irei pensar, mas agora não há nada pensado. O que eu gosto de fazer, efetivamente, é escrever. Desde moleque faço isso e é algo que não tenho feito, o que me incomoda muito. Quero, rapidamente, assim que puder, voltar a escrever. A história de São João é muito linda e dá para escrever sobre o mundo falando de São João”, finaliza.