POR TAMIRES ZINETTI
Em tempos de violência e ódio surge uma nova geração de pessoas interessadas em propagar o bem. O estado de vulnerabilidade, por muitas vezes, afasta as crianças da infância. Casos de abuso ou envolvimento com drogas são alguns dos mais comuns. Segundo o balanço da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos feito em 2018, que cerca de 57% dos casos de violência contra crianças e adolescentes denunciados acontecem dentro da casa da vítima. Para mudar esta realidade a AHEA – Associação de Educação do Homem do Amanhã, aposta na educação e cultura. No contra turno escolar, 125 crianças participam de oficinas de artesanato, aulas de xadrez, informática e dança.
A AHEA surgiu em 1983, da iniciativa de empresários e comerciantes em fazer algo pelo jovem, com o objetivo de complementar o trabalho social da criança, do jovem e da família, prevenindo a ocorrência de situações de risco e fortalecendo a convivência familiar e comunitária. A Associação dá oportunidade para que essas crianças desenvolvam habilidades e conhecimentos para aplicar na vida pessoal, entre elas, interagir no meio social, desenvolver uma imagem positiva, ampliar a autoconfiança, autoconhecimento, raciocínio lógico, criatividade e desenvolvimento cognitivo.
A Coordenadora Administrativa da AEHA de São João da Boa Vista, Ana Rita Alves Godoi, conta que as crianças são encaminhadas pelo CRAS – Centro de Referência de Assistente Social – até a associação e que depois são divididas em grupos por idade para que possam realizar as atividades. “Eles fazem artesanato, informática, dança, xadrez, participam de conversas uma vez na semana com a assistente social e psicóloga”, conta. Ela explica, ainda, que algumas crianças chegam na Associação com dificuldades de se comunicar. “Algumas chegam e ficam embaixo da mesa e a gente vai trabalhando em cima disso. No lúdico, jogos, brincadeiras, sempre voltado para um objetivo.”
Ainda segundo a coordenadora, na Associação há um trabalho realizado para a família, na parte comportamental e a assistência social. “É também um fortalecimento do vínculo entre os pais e a criança ou jovem, geralmente um auxílio na parte da psicologia. Nestes casos, a gente encaminha para o NEAP – Núcleo de Estudos e Atendimentos em Psicologia, da UNIFAE”, comenta. Também são realizadas reuniões com os pais a cada 15 dias. Durante as reuniões eles fazem roda conversa, tiram dúvidas e ainda trazem palestrantes para falar sobre temas relacionadas à família. Já para os adolescentes, surge o programa de capacitação nas empresas, que ficou mais conhecido como “guardinha”.
HISTÓRIAS
Assim como todo processo da vida, momentos tristes e felizes aparecem. A coordenadora Ana conta que no processo de estruturação do site, a Associação precisou de um depoimento de um ex-aluno que foi para o programa de capacitação nas empresas, e que hoje é um dos chefes na empresa que trabalha. “Nós queríamos mostrar o que a AHEA mudou na vida dele, e ele nos contou que se não tivesse o apoio que a Associação deu, ele não teria chegado onde está hoje, porque a família não tinha as condições que a AEHA deu”, conta emocionada.
Outro relato importante sobre o trabalho da associação é do menor J.V., de 11 anos. Ele conta que frequenta a AEHA desde os nove anos e que se inspira no esforço que o tio teve quando passou pela associação. “Eu me inspiro no meu tio, ele passou por aqui e foi guardinha e hoje é eletricista. Eu quero me inspirar nele porque, quando eu tiver uns 15 anos, quero fazer um pouco de robótica e mais pra frente ser engenheiro”, disse.
Ana conta que antes de coordenar a Associação trabalhou em creches e escolas, e que sua visão mudou quando começou a trabalhar com uma instituição social. “Aqui a gente vê a necessidades do aluno como um todo. Além de chamar a atenção, nós temos que colocá-los no colo e abraçar”, finaliza.