POR JEFERSON BATISTA

São João da Boa Vista ainda era um povoado quando o monsenhor João José Vieira Ramalho, no início do século XIX, chega à região e começa a incentivar o desenvolvimento local. O religioso, ao lado de outros grandes proprietários de terra, encorajava a vinda de fazendeiros para a região para a implantação de culturas agrícolas. Seus esforços deram certo. Com a formação de uma agricultura considerável e o crescimento da população, a mão de obra escrava se fez necessária. Sendo assim, por volta de 1830, começam a chegar para trabalhar no município, sobretudo em lavouras de cana-de-açúcar, os primeiros escravos negros.

Tratados como mercadoria, os negros dificilmente traziam malas ou pertences pessoais. Muitos carregavam apenas as pesadas correntes. Em seus corpos, contudo, além das marcas dos maus tratos, conservavam as tradições africanas que, atualmente, fazem parte da herança cultural de São João, bem como de todo o Brasil. Pela cidade, diversos pontos ajudam a contar a história da população negra sanjoanense, marcada pela resistência contra o preconceito racial, mas também pela força e alegria. De acordo com o censo mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por volta de 20% das pessoas que vivem no município são negras – pretas e pardas. Na cidade, algumas figuras lutam para manter viva a cultura negra regional. “Existe um movimento negro organizado em nossa cidade”, afirma a professora Juliana Evangelista, que lidera o Baque São João, um grupo de maracatu.

MERCADO DE HOMENS- Mercado da Rua do Valongo, no Rio de Janeiro (RJ), no final do século IX. A pintura, de Debret, mostra negros esqueléticos no “bazar onde se vendem homens”, nas palavras do pintor. Em São João, haviam casas semelhantes, no atual largo da Igreja do Rosário.( Reprodução: Jean-Baptiste Debret / Acervo da Fundação Biblioteca Nacional / Divisão de Iconografia)

ROSÁRIO, O BAIRRO NEGRO

Segundo o arquiteto e historiador Antonio Carlos Lorette, não era permitida a venda de escravizados no centro do povoado, que em 1859 foi elevado à freguesia. Temia-se que estas pessoas tivessem doenças que pudessem criar epidemias, como já havia ocorrido nas redondezas. “Os escravos ficavam de quarentena em um terreiro, localizado numa bifurcação entre estradas que davam acesso às fazendas. Depois desse período, iam direto para as propriedades rurais, sem passar pelo povoado”, afirma Lorette, que é também diretor do Museu de Artes Sacras de São João da Boa Vista.

Ao lado do campo de vendas de escravos, foi criado o Cemitério dos Cativos, para enterrar, em valas comuns, as mulheres e os homens negros que morriam antes mesmo de chegar às fazendas. Eles não tinham espaço no cemitério da Igreja Matriz, atual Igreja Catedral, onde enterravam-se os brancos.

Anos mais tarde, porém, com o fim da escravidão, os negros libertos, sem lugar para ir, começam a construir suas moradias nas terras onde justamente funcionava o terreiro de comercialização de escravos. A partir desse momento, o local se torna o primeiro reduto da população negra e, com o passar dos anos, ganha o nome de Rosário, em referência a Nossa Senhora do Rosário. A santa católica sempre esteve entre as devoções dos escravizados. “Eles chegam ao Rosário, porque ali estavam enterrados seus iguais. Além disso, as terras eram baratas”, conta Lorette.

Já em 1870, os moradores do bairro em formação, com ajuda de figuras como Cristiano Osório, começam a construir a igreja do Rosário, que é edificada no centro do terreiro de vendas de escravos. Três anos mais tarde, o templo católico já está pronto e se torna a segunda igreja da cidade, ficando atrás da Igreja Matriz. O historiador relata que as festas religiosas no Rosário sempre foram muito animadas.

O bairro foi crescendo, sem planejamento. Mais tarde, porém, no início da república, a Câmara Municipal autoriza a realização do arruamento em várias partes da cidade, incluindo o bairro do Rosário. No local, as vias públicas são, então, renomeadas. Tiram os nomes imperiais e colocam nomes republicanos. No Rosário, as ruas ganham nomes de figuras abolicionistas, figuras negras ou de figuras que lutaram contra a escravidão, como Luiz Gama.

(Reprodução: Escala 1:2500. São João da Boa Vista, 12-5-1901, por Guilherme Sandeville. Nanquim sobre papel linho. Acervo particular Antonio Carlos Rodrigues Lorette)

CUBATÃO, O BAIRRO DOS DEGREDADOS

Outro ponto que merece destaque é o bairro Cubatão, que deriva de um local de pouso para tropas de mulas, provavelmente, do final do século XVIII. Esse pouso de tropeiros ficava a beira de um caminho que descia pela atual Avenida Dona Gertrudes, cortava o local onde hoje se situa a escola Joaquim José e descia pela rua do camelódromo, cruzando o Sindicado dos Funcionários Públicos Municipais, onde havia uma pequena ponte que atravessava o Córrego São João. Naquela época, não existia o bairro do São Lázaro (antiga Vila Santa Rosa), que só surgiria em 1925.

Cubatão acabou se expandindo às margens do córrego e, de tempos em tempos, o local era vítima de inundações. Esse fato o transformou em um local semi abandonado, que acabou sendo ocupado por marginalizados da época: velhos, negros libertos, benzedeiros e prostitutas.

Mas, também havia muitos trabalhadores no local que, sem dinheiro para moradias dignas, acabaram se sujeitando às condições precárias do Cubatão. Um exemplo eram as lavadeiras do córrego São João, que trabalhavam batendo as roupas nas pedras do riacho, situadas onde atualmente é a agência do INSS local. Após a Revolução de 1932, Cubatão também recebeu muitos inválidos sem local para se alojar, como os famosos “Jacaré” e o “Dito Foca”. A grande enchente de 1949 arrasou as casas, e a população de velhos foi movida para a Vila São José, mantida hoje pelo Vicentinos. Até a década de 1970, ainda era possível encontrar os escombros do bairro. Porém, tudo foi retirado para a construção do campus I da UNIFEOB. O local central do bairro de Cubatão seria onde hoje está situada a quadra de esportes da faculdade, próxima à antiga Escola de Comércio.

IGREJA DO ROSÁRIO- A atual igreja foi construída sobre a antiga capela. No local, situava-se o largo da forca e também o pelourinho, que é uma coluna de pedra colocada em um lugar público, onde eram punidos e expostos os criminosos. Também realizava-se nas imediações a feira de escravos.(Foto: Leonardo Beraldo / Cromalux)


DITO PITO, MUITO MAIS QUE BENZEDOR

Uma das figuras folclóricas que permeiam a memória popular sanjoanense é Dito Pito (1901-1999), conhecido benzedor que viveu na cidade. Este personagem popular, porém, tem uma trajetória marcada pela resistência contra o racismo e pela persistência em ocupar espaços onde as pessoas negras não eram tão bem vindas. Benedito Antonio Lourenço, que ganhou o apelido devido ao cachimbo que utilizou por muitos anos de sua vida, conseguiu, ao lado de sua esposa Joana de Oliveira, participar do sistema social e religioso, dominado pela elite sanjoanense, durante as primeiras décadas do século XX.

Filho de ex-escravizados, passou por diferentes profissões: carpinteiro, marceneiro, caçador e benzedor. A infância e adolescência de Dito Pito foi de muito trabalho. “Começou a trabalhar com 10 anos de idade. Ele era uma pessoa que se envolvia em tudo na cidade”, conta Lorette. A sociedade sanjoanense dos anos 1930 não era receptiva para os “homens de cor”. A escravidão já havia acabado, mas as pessoas negras ainda eram vistas como inferiores por parte da população. Diante disso, era praticamente impossível um negro participar das atividades culturais e sociais da cidade. Dito Pito, com seus amigos, não aceitam esse ostracismo e, em 1936, criam o Club Henrique Dias. A organização, que funcionou até 1944, promoveu bailes de carnaval no antigo Cine Guarani, onde é atualmente o prédio da Telefônica (antiga Telesp). Além do protagonismo no clube, o carpinteiro tinha um envolvimento grande com a comunidade religiosa da matriz. Um negro ativo nas coisas da igreja principal da cidade era algo inédito naquela época. “Dito Pito se tornou uma pessoa importante no sistema religioso e público. Sabia ler e escrever, se tornou o primeiro coroinha negro e fazia todos os serviços de altar na Matriz. Fotos da época mostram ele em meio a todos os coroinhas brancos”, conta Lorette.

Benedito Antonio Lourenço, o Dito Pito, um dos mais conhecidos nomes do movimento negro local. (Antonio Carlos Lorette- Acervo pessoal)

Dito Pito construiu sua casa no bairro Rosário, que ficava localizada na Rua Luiz Gama. O nome da rua, inclusive, é uma homenagem a um importante personagem da história nacional que lutou contra o racismo e a escravidão. “Luiz Gama era um advogado, não pode frequentar a escola porque era negro, mas podia advogar sem ser bacharel e ajudou a libertar vários escravos, conseguindo alforrias para eles”, conta a advogada Dy Lourdes. A casa de Dito Pito não existe mais e Lorette lamenta a não preservação do espaço. A antiga morada fora construída em cima do antigo Cemitério dos Cativos. Era possível ver marcas das sepulturas no quintal. Era neste local, ainda, que ele e sua esposa realizavam benzimentos e confeccionavam produtos de curas e remédios a partir de animais e plantas. Essa capacidade de cura do casal chamava atenção e fez com que a casa fosse frequentada por parte significativa da população da cidade.

CLUBE RECREATIVO LUIZ GAMA

Na década de 1940, a população negra de São João ainda enfrentava resistência para frequentar espaços de sociabilidade. Diante disso, os negros se organizam e criam o Club Recreativo Luiz Gama, já que o clube anterior, Club Henrique Dias, havia sido descontinuado. “A fundação do Luiz Gama foi o resultado de uma luta muito importante para os negros em São João. Nos primórdios, era clube de encontro e também local de ajuda mútua entre os negros que sempre sofreram discriminação e racismo em todas épocas”, afirma Juliana. Para o jornalista Marcelo Gregório, “o [clube] Luiz Gama foi de extrema importância para que a comunidade negra pudesse superar os obstáculos”.

CLUBE LUIZ GAMA- Em 2009, o prédio, que fica na Rua General Osório, chegou a ser leiloado. Depois de um imbróglio judicial, a prefeitura passou a ser a proprietária do local e concedeu a administração do espaço para membros da comunidade negra da cidade por meio da Associação dos Amigos do Clube Luiz Gama, que mantém o Espaço de Cultura Afro Brasileira Luiz Gama, onde são realizadas atividades culturais, como capoeira, maracatu, entre outras.( Foto: Leonardo Beraldo / Cromalux)

Nas décadas seguintes, a agremiação negra realizou diversos eventos que se tornaram proeminentes na cidade. A advogada Dy Lourdes, que frequentou o local quando criança, lembra dos bailes de Carnaval e a criação da escola de samba, do concurso miss negra e da formação de equipes esportivas, com o destaque para o futebol. Juliana também afirma que, na década de 1970, no seu período áureo, o clube promoveu “festas e eventos que congregavam os negros da cidade e onde se decidiam o papel das lideranças”.

Com o passar do tempo, a organização vai perdendo força. “Com a morte dos pretos velhos, a gente perdeu um pouco da história. Mas essa história é de suma importância, porque todos nós da comunidade negra, em algum momento, passamos pelo Luiz Gama. Meu pai fez parte de uma diretoria quando eu era criança, eu aprendi a origem do samba dentro do clube”, afirma Dy Lourdes, que faz parte da Associação dos Amigos do Clube Luiz Gama. Já nos anos 2000, o clube passou por dificuldades financeiras e não cumpriu seus compromissos financeiros. Em 2009, o prédio, que fica na Rua General Osório, chegou a ser leiloado. Depois de um imbróglio judicial, a prefeitura passou a ser a proprietária do local e concedeu a administração do espaço para membros da comunidade negra da cidade por meio da Associação dos Amigos do Clube Luiz Gama, que mantém o Espaço de Cultura Afro Brasileira Luiz Gama, onde são realizadas atividades culturais, como capoeira, maracatu, entre outras. O prédio do antigo clube, atual espaço cultural, fica na esquina entre as ruas General Osório e Riachuelo, no bairro São Lázaro. “Na época, a região era conhecida como Risca Faca, podemos dizer que era uma espécie de favela da cidade”, conta Dy Lourdes.

“No prédio onde funcionava o Luiz Gama há atividades que valorizam a cultura negra. No mês de novembro, que tem o dia 20 como Dia da Consciência Negra, são realizados eventos organizados pela ONG Protéia, com apoio da Prefeitura, que contribuem com a valorização da cultura negra. Debates, palestras, homenagens, show e esporte são destaques”, afirma Gregório.

Apesar das atividades, o prédio passa por problemas estruturais. “A situação física do espaço é crítica. Há infiltrações, o piso vem se desfazendo, as instalações elétricas são muito antigas, a segurança do espaço é precária, as janelas têm vidros quebrados, mas, mesmo assim, ele permanece em funcionamento”, afirma Juliana, que acrescenta: “mesmo nessa situação, há um atendimento significativo de pessoas, negras ou não, nas atividades promovidas no local”.

IRMANDADE DE SÃO BENEDITO

No corredor central do Museu de Artes Sacras de São João da Boa Vista, uma imagem de São Benedito, restaurada recentemente, é um tesouro que guarda um pouco da história da Irmandade que existiu na cidade, dedicada ao santo católico. Criada no final do século 19, a agremiação religiosa funcionava na Igreja Catedral. Porém, já nas primeiras décadas do século XX, os negros católicos assumiram o protagonismo na irmandade e reivindicavam uma igreja independente, para homenagear o santo com quem compartilhavam a mesma cor de pele.

Depois de muita discussão, um serralheiro doou um terreno para a construção da Igreja de São Benedito e, em 1928, a irmandade se transfere para o novo templo, levando a imagem do santo. Hoje esta imagem fica no museu.

Uma das festas mais tradicionais de São João era a festa promovida pela Irmandade do Divino. Com procissões luxuosas, as famílias tradicionais desfilavam pelas ruas centrais da cidade na chamada Corte do Divino. As celebrações eram, no entanto, restritas à elite. A população pobre só podia assistir ao espetáculo social e religioso. Diante disso, membros da Irmandade Negra decidem criar a Corte de São Benedito. Dito Pito, uma das lideranças, afirmou: “São Benedito também é rei, então, vamos fazer a corte e a coroa para ele”.

CORTE DE SÃO BENEDITO – O controle dos bens simbólicos estava sob a tutela de uma pequena elite econômica e branca. Desafiando essa situação, Dito Pito e outros negros organizam a Corte de São Benedito. Abaixo, o contraste entre a singela coroa utilizada no evento dedicado a São Benedito (à esquerda) e a ornamentada coroa usada na Corte do Divino (à direita) (Fotos: Leonardo Beraldo / Cromalux)

Outro fator importante na escolha de São Benedito foi a cor da sua pele. Segundo as tradições católicas, São Benedito morreu em abril de 1589 na Sicília (Itália) e, algumas versões de sua história, dão conta de seu nascimento em família pobre e descendente de africanos escravizados na Etiópia; outras, dizem que foi um escravo capturado no norte da África.

Seja qual for a história real, o fato do sincretismo religioso – uma espécie de mistura – entre catolicismo e as religiões africanas, fez o santo começar a ser venerado pelos negros, que relacionam o período de escravidão e a origem africana do santo com o seu próprio passado de escravidão e suas raízes africanas. Para se ter uma ideia da força dessa devoção, em Guaratinguetá, desde 1726, grupos de negros e libertos já organizavam uma cavalaria em louvor a São Benedito, tradicionalmente no domingo de Páscoa. Porém, em São João, a corte durou apenas até meados de 1950.

Apesar de a irmandade também não existir mais, a Igreja de São Benedito recebe todo o ano, no mês de novembro, uma missa afro. “A celebração é bem interessante. É uma mistura de tambores africanos com os ritos católicos. A igreja de São Benedito é um lugar muito simbólico para a comunidade negra de São João”, diz Dy Lourdes. A Semana da Consciência Negra, que ocorre em novembro, é, inclusive, um dos principais eventos realizados na cidade em busca de resgatar a história e falar sobre temas como o racismo.

Foto: Beatriz Negreiros

Para membros da comunidade negra sanjoanense, ainda existe um caminho longo para a conquista da igualdade e do respeito. E, nesse processo, a cultura tem um papel importante. O grupo de maracatu, a capoeira e o samba são algumas atividades presentes na cidade, bem como manifestações culturais mais recentes, como o hip hop. O projeto Batalha Central, que começa a ser realizado no centro da cidade, tem como liderança um grupo de MC´s locais, entre elas, Caroline Franco dos Reis, a MC Carol da Rima. Para ela, “o hip hop é a voz das ruas acolhendo aos que não são ouvidos e também os marginalizados”.

Dy Lourdes considera essas manifestações culturais e artísticas importantes para que pessoas negras e brancas entendam que é preciso combater os preconceitos. “Não é transformar numa guerra entre pretos e brancos, mas lutar pela igualdade”, afirma a advogada.


SOB O SIGNO DA RESISTÊNCIA, A DEVOÇÃO DOS NEGROS

Os negros escravizados, uma vez no Brasil, não tinham autorização dos seus proprietários para processar sua fé original, sendo proibidos de expressar, cultuar ou fazer ritos de acordo com suas próprias crenças religiosas e, muitos deles, ao demonstrarem a não-aceitação ao catolicismo, acabavam sendo severamente castigados. Sendo assim, foi necessário aos negros cativos adaptar suas crenças aos santos católicos: Oxum, por exemplo, passa a ser Nossa Senhora do Rosário, por conta das contas dos rosário por ela carregada, assim como os colares de búzios do Orixá. Nesse contexto, também surgem as Irmandades dos Homens Pretos.

(Foto: Haroldo Abrantes / historiasdopovonegro.wordpress.com)

Segundo Eduardo Hoornaert, em História da Igreja no Brasil, as ordens surgem com dois objetivos: auxiliar na cristianização dos escravos (já que, para muitos senhores, “amortecia os instintos dos negros”) e também separar brancos e negros nas missas dominicais. Isso é importante pois, era obrigação dos senhores mandar seus escravos à missas, porém eles não obedeciam essa determinação, porque as igrejas eram muito pequenas e os brancos presentes “não suportavam o mau cheiro exalado pelos escravos”.

Desta forma, surgem as irmandades, espaços permitidos – dentro da legalidade – nos quais o escravo podia manifestar-se, fora de suas relações de trabalho. Elas desempenhavam função de auxílio, em caso de doença e/ou morte, e proteção aos seus membros. Paradoxalmente, era através da religião católica que os escravos podiam resguardar valores culturais, em especial suas crenças religiosas. Essas confrarias acabaram sendo as guardiãs de diversas tradições africanas, que se conservaram pela frequência dos contatos, pela conservação da língua e outras razões semelhantes.