Por Luis Gustavo Gasparino
Artista plástica, professora, empreendedora, administradora, organizadora, esposa, mãe, mulher… esses são só alguns atributos que podemos dar a Vânia Lucia da Costa Palomo, ou simplesmente Vânia Palomo, figura esta que se destaca não só no cenário sanjoanense, mas também no nacional e até mesmo mundial. Nascida em 27 de outubro de 1966, ela é formada em Letras pela Fundação de Ensino Octávio Bastos — Unifeob. Em 1988 iniciou seu trabalho com aulas particulares de pintura e escultura. Desde então, com a franca evolução de seu talento e com o aumento de sua turma, teve que abrir seu próprio espaço.
Em 1992, inaugurou o Atelier Vânia Palomo (em residência na Vila Bancária), oferecendo um melhor local para as aulas e para os alunos. Mas foi em 1996 que resolveu viver das artes, iniciando o curso de Arte Contemporânea no Atelier Vera Ferro, em Campinas/SP. De 1998 até 2003, foi aluna do curso de Escultura na Galeria Cristina Roese, na mesma cidade, sendo que, em 1999, foi convidada a participar do grupo de escultores desse mesmo atelier. Desde então, sua vida com as artes plásticas só evoluiu (veja o quadro ao lado). Na década de 2000, o Atelier virou Espaço Vânia Palomo, com o aumento dos cursos oferecidos; E, em 2015, o Espaço vira School Of Design & Arts Vânia Palomo, iniciando mais uma etapa de seu crescimento, com cursos certificados.
Além de seus empreendimentos particulares, Vânia também passou seus conhecimentos para alunos de várias escolas e grupos sanjoanenses, entre elas: Pré-Escola Acalanto (1995 a 1997), Centro Educacional Integrado (1995 a 2001), Centro Educacional São João Batista (1995 a 2005), Externato Santo Agostinho, Colégio Objetivo e na Associação de Educação do Homem de Amanhã — AEHA (as três últimas, ainda atuando no momento). Vânia Palomo também já esteve à frente de diversos eventos locais, que atingiram patamar regional, estadual e até mesmo nacional. Podemos citar duas edições da Semana Fernando Furlanetto, três edições da São João Decor e, mais recentemente, a I Semana do Design de São João da Boa Vista.
Já são 28 anos de história, levando sempre a arte e a cultura em primeiro lugar, dando oportunidades para que pessoas de todas as idades possam se expressar artisticamente, da forma como querem.
De onde surgiu a vontade de fazer e trabalhar com artes?
Isso vem desde a infância. Minha mãe diz que desde os nove anos já gostava de desenhar e pintar. Na escola, alguns amigos encomendavam desenhos e eu fazia para eles. Faço arte por gostar demais da área.
E como foi sua formação?
Cheguei a me formar no curso de Letras, em São João mesmo (Unifeob), pois naquela época os pais não deixavam os filhos cursar faculdade fora, além da condição financeira que não era das melhores. Só fui seguir carreira depois de casada, pois com filhos pequenos era tudo muito difícil. Com eles mais crescidos é que fui fazer os cursos em Campinas, realizando meu sonho.
Quando começou a dar aulas?
Em 1988, quando comecei dando aula particular para apenas um aluno. Depois lecionei em escolas da cidade e fui caminhando. Os alunos foram aumentando, a procura também, e passei a ter um espaço destinado à formação deles. Em 2015, realizei o grande sonho de ter um prédio próprio, com os segmentos que hoje ofereço.
E de onde veio esse espírito empreendedor de fazer acontecer?
Gosto de coisas novas. Não sou de ficar estagnada. Sempre procurei buscar o diferente. Tracei objetivos em minha vida para correr atrás dos meus sonhos, pensando em trazer para São João coisas diferenciadas, a que as pessoas pudessem ter acesso e que, normalmente, só se tem em grandes centros. Além da realização pessoal de poder fazer aquilo de que sempre gostei.
A São João Decor foi a maior experiência de sua vida profissional?
A São João Decor vem muito ligada com o trabalho de artes plásticas que faço. Sempre gostei de decoração e, por conta disso, procurei um novo canal para me expandir dentro deste espaço, buscando este evento. Não tenho a formação de arquiteta, mas a Decor me realiza neste sentido, pois posso trabalhar com arquitetura, sem necessariamente estar com a mão na obra, mas realizando o sonho de ver tudo aquilo pronto. Não deixa de ser uma das minhas paixões.
Poderemos esperar por novos eventos, em breve?
Com a inauguração da minha escola, que hoje é voltada para as artes plásticas e design, tenho em mente abrir um novo canal para jovens talentos no design. Realizaremos novamente neste ano a Semana do Design, que sempre será no mês de julho, mas voltará com novo perfil. Além dos profissionais daqui, expondo e dando palestras, estarei fazendo um concurso para jovens talentos da área.
Qual o principal objetivo da sua escola?
Quando a montei, o objetivo é que ela fosse viva. Fazer com que funcionasse com todo o gás possível. Procuro sempre estar trazendo coisas diferentes, principalmente com os novos cursos que já estão ativos, como Design de Interiores e Paisagismo, além de implementar as novidades em artes plásticas e design. É uma forma de estar movimentando a escola, deixando-a atualizada e diferente.
Como você vê o mundo das artes no país, atualmente?
Hoje é muito difícil falar de artes plásticas no Brasil e em São João. Virou muito político. Não temos apoio. Sentimos falta de espaços onde possamos fazer uma exposição ou realizar eventos da área. E me parece que não há mais a educação de prestígio à arte, das visitas, das palestras, ou seja, não faz mais parte da cultura. Além do apoio financeiro, que também é muito complicado conseguir, não só por conta da crise que o país vive, atualmente. Trabalho há 28 anos em São João com arte e sinto que a cada ano fica pior. Foi por isso que, quando construí a escola, uma das coisas em que pensei foi ter uma galeria aqui, um espaço onde ele é aberto aos artistas para palestras e exposições. Sentia muita falta de ter um lugar próprio para expor o trabalho dos meus alunos.
Como conciliar todos esses trabalhos e ainda ser mãe, esposa e mulher?
Graças a Deus tudo isso é possível porque tenho muito apoio em casa, da minha família, filhos e marido. Mas é bem complicado. Às vezes existe a cobrança, a falta de atenção, porém é tudo em função do trabalho que escolhi. Enfim, tudo acaba passando e ficando bem.
Qual a sensação de ver obras suas expostas no Brasil e no mundo?
Fico muito feliz. Hoje meu tempo é bem escasso, pois voltei para outro segmento, mas não deixo de fazer arte. Sempre recebo convites para expor e isso é muito gratificante.