POR NICKOLAS SANTOS
A pandemia foi um dos momentos mais desafiadores para o comércio em geral. Com o isolamento social, muitas empresas tiveram que se reinventar para atingir o público-alvo e alavancar as vendas. E para chegar ao consumidor, uma nova estratégia ganhou força: o live commerce (chamado também de live shop ou shop streaming). Uma pesquisa recente, feita pelo Google, apontou que o consumo de vídeos por meio de transmissões ao vivo ganhou o gosto dos brasileiros em 2020. Segundo o levantamento, 71% daqueles que têm acesso à Internet no país assistiram alguma live no ano, enquanto 38% viram seis ou mais. Diante desta tendência, muitas empresas aproveitaram para divulgar e vender produtos por meio das transmissões ao vivo. Em São João da Boa Vista, esta alternativa conquistou os comerciantes e, principalmente, o público consumidor. “Demorei um pouco em começar a fazer as lives. Tinha um pouco de receio, medo de não dar certo, até que os próprios clientes começaram a pedir”, relata a empresária Giselle Garzo, proprietária da loja Dondoca. A primeira transmissão ao vivo ocorreu em maio e a boa repercussão chamou a atenção da comerciante. “Confesso que me surpreendi com o resultado no geral, tanto pelas pessoas assistindo, como pelas vendas, valores… tudo! A partir daí comecei a fazer todo mês”, comenta.
AUMENTO DE ENGAJAMENTO
Giselle explica que as lives têm contribuído para se obter boas vendas, inclusive após as transmissões. “Até nos dias seguintes, as vendas são muito boas, pois, às vezes, o cliente não consegue comprar na live e acaba nos procurando depois”, conta. Nesse sentido, o engajamento passa a ser um dos pontos mais importantes dessa ferramenta de vendas. Os seus seguidores passam a enxergar que você está pensando nos seus clientes, sempre tentando achar formas de se aproximar deles. Outro ponto que permite as lives ajudarem o seu negócio, é que podem passar um senso de urgência para os seus clientes. Afinal, ao ver a notificação de uma transmissão de alguém que você goste, o seu primeiro impulso é ir lá assistir para ver o que está acontecendo, não é? Além disso, ao participar de uma live, o seu público terá uma impressão de exclusividade. Ou seja, que faz parte de um pequeno grupo mais fã da sua marca.
AJUDA MÚTUA
Outro ponto que Giselle destaca é em relação aos patrocinadores, os quais se tornaram verdadeiros parceiros nesta estratégia de vendas virtual. “Na primeira live, eu pedi brinde para fazer sorteio durante a transmissão. Já nas outras – e até hoje – os próprios comerciantes, de vários ramos, me procuram oferecendo um brinde para divulgar suas marcas também”, afirma. “Um ajuda o outro. Do mesmo jeito que eu também ofereço prêmios da minha loja para outros parceiros”, completa Giselle.
SUCESSO
A Farmácia Art´Ervas também aderiu a esta estratégia e sua primeira live ‘bombou’ nas redes sociais. Para se ter ideia, uma média de 250 pessoas acompanharam a transmissão ao vivo em agosto, o que surpreendeu a empresária Ana Cláudia Carvalho. “A live foi um sucesso! O mais interessante é que novos clientes compraram e os produtos que selecionamos são tops de vendas aqui. Com certeza essas pessoas farão recompra”, avalia. Com esse resultado positivo, Ana Cláudia destaca que adotará uma estratégia diferenciada para as transmissões. “Não é uma coisa que faremos todo o mês. A ideia é fazer a cada dois ou três meses”, revela a empresária.
PÓS-PANDEMIA
Até 2019, o e-commerce representava apenas 10% do mercado do varejo. O que era muito pouco para um país tão conectado, já que 86% da nossa população tem acesso à internet. Aprofundando o comportamento de consumo do brasileiro, entendemos que a jornada do e-commerce era percebida como algo muito solitário e, por isso, o consumidor (que prefere um atendimento mais pessoal e customizado,) ainda optava pela loja física. No pós-pandemia, o live commerce deve se tornar mais uma ferramenta de venda importante para o comércio varejista. Na China, esse formato de vendas acontece pelo menos desde 2016, onde se vende de tudo: de hortaliças a carros.
Ele é o mais pessoal que o digital pode oferecer e onde o empresário deve apostar todas as suas fichas porque o brasileiro, cada vez mais, vai se apaixonar pelo modelo. Comprar pela internet otimiza o tempo (nosso bem de maior valor) e, poder fazer isso com um atendimento personalizado e humano, era o que estava faltando para bombar as compras digitais no país.