Sanjoanenses promovem ações para proteger a natureza
Por Reinaldo Benedetti

São João da Boa Vista é privilegiada pela natureza exuberante. Quem chega por aqui é recepcionado pela Serra da Paulista, com suas curvas e verde que encantam. E em busca de garantir a preservação de toda esta riqueza, muitos sanjoanenses e até o Poder Público local desenvolvem ações que visam proteger o meio ambiente e ampliar as áreas verdes do município.

PROJETO PLANTAR

Um destes projetos é liderado pelo procurador do Estado, Marcos Cesar Pavani Parolin. Trata-se de uma ONG, organização não governamental, criada em janeiro deste ano para difundir a importância do meio ambiente na sociedade, por meio de diversas ações.

Denominado de Projeto Plantar, seu principal foco não é o ativismo ambiental, mas sim uma ação de aprendizado através das árvores. Localizado na rua Luis Previero, no Jardim São Domingos, o projeto já possui diversos voluntários.

“O Projeto Plantar é uma ONG diferente, primeiro porque não celebra ativismo ambiental, nem confrontação com quem quer que seja, mas visa um caminho de aprendizado baseado na assertividade das árvores. Segundo, porque não se vincula a nenhum segmento político, ideológico ou religioso, unindo pessoas pela simples motivação de gerar a vida e distribuir árvores para um mundo melhor, sob o princípio de total gratuidade”, explica Parolin, presidente da ONG. Ele conta que tudo surgiu quando revolveu construir um viveiro de mudas para um projeto pessoal e individual. Porém, em pouco tempo, o projeto tornou-se algo coletivo e hoje abriga mais de sessenta voluntários. “Não se constrói um mundo melhor sozinho e todo crescimento individual implica uma vida de relacionamento com tudo o que nos rodeia”, acrescenta. Assim, Parolin e os demais voluntários começaram a produzir mudas de árvores para os diversos projetos da ONG. O primeiro deles é o de Educação Ambiental, focado para jovens do ensino fundamental e médio de escolas públicas. Com o propósito de educar cada cidadão para o convívio com o meio ambiente, a ONG formaliza convite às escolas para receber seus alunos para uma visita guiada, ocasião em que os jovens receberão as primeiras noções sobre a preservação do meio ambiente e o respeito a todos os seres vivos do planeta. E durante as visitas guiadas, os alunos semearão árvores que se transformarão em mudas, as quais, posteriormente, serão doadas às próprias instituições de ensino ou plantadas em regime de mutirão, em locais apropriados.

MUTIRÕES DE PLANTIO - O grupo também organiza mutirões de plantio de mudas, como o projeto que pretende plantar 50 mil Araucárias na região da Serra da Paulista. As árvores serão plantadas em áreas privadas e todos os proprietários de terras, nessas localidades, poderão participar do projeto e receber o maior número possível de mudas.

ADOTE UMA ÁRVORE

Um segundo projeto da ONG é o chamado de “Adote uma árvore”, através do qual qualquer pessoa poderá receber mudas para plantio, gratuitamente. Mediante o preenchimento de um formulário simples, cada muda que sair do viveiro deverá alimentar um banco de dados que integrará o site do Projeto Plantar, podendo, através da página da ONG ser localizado o local onde cada árvore foi plantada. Quando atingir o máximo de sua capacidade, o viveiro do Projeto Plantar produzirá cerca de dez mil mudas por ano, distribuídas em cerca de oitenta espécies de árvores nativas da flora brasileira, muitas das quais não são encontradas em viveiros municipais ou particulares. O terceiro projeto ocorrerá sempre ao final de cada ano, com o início das chuvas, quando as mudas excedentes no viveiro, ou seja, aquelas que já atingiram uma fase de desenvolvimento que requer imediato plantio, serão inseridas em locais mapeados pela ONG e plantadas em regime de mutirão. E tudo, ressalta Parolin, com a devida autorização do Departamento de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal. A ONG pretende plantar cem mil árvores em dez anos.

Outra ação que o Projeto Plantar pretende desenvolver na cidade é o sombreamento urbano. De acordo com Parolin, essa ação será um trabalho de apoio ao Poder Público, em relação à legislação municipal do sombreamento urbano. “Nós vamos postular que sejam cumpridas as leis municipais referentes ao sombreamento urbano. Vamos tentar fazer isso de maneira mais proativa possível, pois temos um princípio de fraternidade e não de litigância. Mas, por exemplo, se a lei diz que em todo terreno edificado tem que ter uma arvore, nós vamos pedir que a lei seja cumprida. A ideia é melhorar as leis municipais que tratam do assunto”, explica. O presidente da ONG chama a atenção para o aquecimento do planeta e afirma que é preciso melhorar as condições climáticas na zona urbana. “Uma rua sombreada por árvores representa uma diminuição de temperatura de até 4 graus no local. Um dos objetivos, por exemplo, é que se admita, num futuro breve, o plantio de árvores mais frondosas, ou mesmo de árvores frutíferas em zonas urbanas, como ocorre em outros municípios”.

Por fim, o projeto mais ambicioso da ONG é o chamado “Araucária”. Através dele, os idealizadores e voluntários irão reimplantar uma espécie nativa do Brasil que é o Pinheiro Angustifolia, conhecida como Araucária. Segundo Marcos Parolin, no Estado de São Paulo a Araucária era encontrada em toda a extensão da Serra da Mantiqueira mas, atualmente, encontra-se extinta nesta região, possuindo poucos remanescentes, como em nichos específicos, como é o caso de Campos do Jordão e Santo Antônio do Pinhal. Em Minas Gerais, ela é vista na Região de Extrema, Monte Verde e também em Poços de Caldas. Assim, a ONG pretende plantar 50 mil Araucárias na região da Serra da Paulista. As árvores serão plantadas em áreas privadas e todos os proprietários de terras, nessas localidades, poderão participar do projeto e receber o maior número possível de mudas.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL - A ONG incentiva que de alunos de escolas públicas e particulares da cidade visitem o viveiro de mudas, para receberem as primeiras noções sobre a preservação do meio ambiente .

ADOTE UMA MUDA

Neste momento, o Projeto Plantar está focado na distribuição de mudas. De acordo com Parolin, o objetivo é distribuir cerca de 1.000 mudas neste período chuvoso, por meio da adoção. “A pessoa preenche um formulário e ela adota uma árvore, assumindo um compromisso meramente ético de cuidar. Esta pessoa leva a muda para sua propriedade, seja ela uma chácara, sítio ou mesmo na área urbana”, explica.

A ideia é que as mudas sejam entregues até o começo de janeiro, para que o Projeto Plantar comece o cronograma de 2019 com mais tempo para produzir novas mudas.
“O nosso trabalho é de educação. Mais importante do que produzir mudas é fazer o caminho da conscientização. E tem que ser feito, não só com crianças, mas com todo mundo. É um trabalho de educação nossa, também. É simplesmente doar coisas boas para o mundo e deixar algo para quem vai ficar depois de nós”,complementa.

COMO AJUDAR

Interessados em serem voluntários podem entrar em contato pela página oficial da ONG no Facebook, através do www.facebook.com/adoteumaarvore ou pelo WhatsApp (19) 99737–4400. O presidente da ONG ressalta que por lá vigora o princípio da gratuidade, ou seja, ninguém contribui com nada a não ser com o seu trabalho ou, eventualmente, com algum insumo. “A gente não trabalha com dinheiro”, avisa.

20 ANOS DEDICADOS ÀS ÁRVORES

O sanjoanense Juvenal Tarifa é outro cidadão preocupado com o futuro e com a natureza. Aos 76 anos, ele vem plantando árvores em sua propriedade localizada na Vila Valentim, desde que retornou da capital paulista, onde morou até os 60 anos. “Eu comecei a construir aqui, na nossa área, e sempre gostei de plantar árvores. E assim tudo começou”, confirma.

Sanjoanenses protegem a naturezaHoje, já são mais de 140 espécies de árvores plantadas em uma área de 4.610 m², ao longo de uma trilha de 350 metros, à beira do Rio da Prata. Por lá existem dezenas de espécies frutíferas e também de árvores bastante raras. As primeiras a serem plantadas, há quase 20 anos atrás, foram os Ficos. E dali em diante vieram os Ipês, o Jatobá, o Jacarandá Mimoso, o Abricó-de-macaco, entre tantos outros. E todas elas possuem a história afixada em um recipiente plástico, os quais ficam pregados nas próprias árvores. Outro detalhe é que cada uma delas homenageia uma pessoa, geralmente personalidades da cidade. Mas, uma em especial, tem todo o carinho especial de Juvenal Tarifa: a Paineira. Isso porque essa árvore, que foi plantada em 2.000, homenageia sua mãe, Dolores Valentim Tarifa. “Na chácara dela tinha uma Paineira e, quando fomos morar em São Paulo, cortaram a árvore. Quando ela veio passear na chácara, chorou quando não viu a árvore que, com suas painas, enchera tantos colchões e travesseiros confeccionados por ela. Ai plantei essa Paineira, como homenagem a ela. E, se Deus quiser, essa não vão cortar”, lembra emocionado.

Casado com Conceição Dela Torre Tarifa, o casal recebe crianças e jovens de escolas de São João para passearem pela trilha e conhecer um pouco mais sobre as árvores e sua importância. E Juvenal Tarifa diz que está aberto a escolas para agendamento de novas visitas, sempre no intuito de promover a educação ambiental. Interessados em conhecer mais o trabalho desse sanjoanense podem entrar em contato pelo telefone (19) 3623–5510.

PREFEITURA AUMENTA PRODUÇÃO DE MUDAS

Mas não são somente os moradores que estão preocupados com arborização e recomposição da vegetação na cidade: a Prefeitura Municipal também está fazendo sua parte, ampliando a capacidade de produção de mudas no viveiro municipal. A produção de mudas para arborização urbana e recomposição de matas ciliares é a principal finalidade do viveiro municipal, situado em uma área de 20 mil m², no bairro Colinas da Mantiqueira. O local abriga mais de vinte e cinco mil mudas de quarenta espécies de árvores, que podem ser retiradas gratuitamente por moradores de São João da Boa Vista. Para solicitação, é necessário indicar o lugar da cidade, zona urbana ou rural, em que será feito o plantio. Segundo o técnico agropecuário, Willian Feldberg Karp, pós-graduado em gestão ambiental, a meta é fazer com que o Viveiro Municipal aumente a quantidade de produção de mudas para distribuição. O auxiliar administrativo, Júlio César Alvarenga, esclarece que, mensalmente, são distribuídas cerca de cento e cinquenta mudas, sendo que as mais procuradas são as espécies Oiti e Mini-Flamboyant. “Aqui, quando a pessoa chega, eu já procuro orientá-la sobre a espécie adequada para arborização urbana. Se é do lado da rede elétrica é uma espécie, se é do outro lado pode ser de um porte maior. Temos um catálogo com todas as espécies do momento e um guia de plantio”, destaca.

VIVEIRO MUNICIPAL - O local abriga mais de vinte e cinco mil mudas de quarenta espécies de árvores, que podem ser retiradas gratuitamente por moradores de São João da Boa Vista.

SÃO JOÃO MAIS VERDE

A Prefeitura, por meio do Programa Ambiental São João Mais Verde, foi beneficiada com R$ 2,15 milhões provenientes do Fundo de Interesses Difusos (FID) do Governo do Estado, para desenvolver ações ambientais no município.
Deste montante, R$ 151 mil foram destinados para a revitalização do Viveiro Municipal. “A parte financeira envolve a reforma, aquisição de equipamentos, aquisição de novas sementes que a gente não tinha na região e a câmara fria para armazenamento de sementes”, diz o diretor de Meio Ambiente, Agricultura e Abastecimento, João Gabriel de Paula Consentino. Nos últimos cinco anos, de acordo com o diretor, já foram plantadas mais de vinte e cinco mil mudas. A meta é chegar a quarenta mil mudas plantadas em áreas da Prefeitura.

REFLORESTAMENTO E MATA CILIAR

A Prefeitura finalizou o plantio de espécies nativas nas imediações do Jardim Hortências, próximo às margens do Rio Jaguari Mirim. Já na região do Parque dos Resedás, o trabalho começou a ser realizado. Ao todo são sete mil mudas nativas, plantadas em locais definidos, como Áreas de Proteção Permanente (APP). Também serão realizados plantios ao longo do Córrego São João, bairros Colinas da Mantiqueira, Jardim Canadá, São Domingos e Solário da Mantiqueira, bem como em outras regiões da cidade.